Introdução
O filme "Elvis", dirigido por Baz Luhrmann e estrelado por Austin Butler, teve sua estreia no Festival de Cannes em maio de 2022. Esta análise visa desvendar os aspectos marcantes da obra, destacando tanto seus pontos positivos quanto as áreas em que Luhrmann talvez tenha se distanciado da verdade histórica.
A Visão de Luhrmann: Entre o Homem e o Mito
Luhrmann, conhecido por sua abordagem extravagante em filmes como "Moulin Rouge!" e "Romeu + Julieta", abraça a grandiosidade ao retratar a vida de Elvis Presley. O diretor, no entanto, não foge de comparativos com o próprio Elvis, sugerindo uma afinidade com o Elvis de Vegas, um período extravagante e propenso a excessos.
A Dualidade de Baz Luhrmann e o Coronel Tom Parker
A dualidade do filme se manifesta na relação entre Luhrmann e o Coronel Tom Parker, o ex-showman que gerenciou Elvis. O filme explora a tensão entre a busca pelo lucro e a preservação da autenticidade artística, refletindo a própria luta de Elvis contra as expectativas comerciais.
O Retrato de Austin Butler como Elvis
Austin Butler, embora não fisicamente idêntico a Elvis, oferece uma performance notável. O filme acompanha a ascensão meteórica de Elvis, desde seus primeiros passos no sul rural até sua consagração como ícone musical. Butler, antes desconhecido, entrega uma interpretação física e respeitosa, desviando-se de caricaturas.
A Fantasia de Luhrmann e as Licenças Poéticas
A abordagem de Luhrmann à precisão histórica é conhecida por sua liberdade artística, como evidenciado no momento em que Elvis assiste a um bluesman eletrizante. No entanto, a equação simplificada de Luhrmann, equilibrando blues e gospel como raízes exclusivas do rock 'n' roll, pode desviar da real contribuição de Elvis, que incorporou também a música country.
Col. Parker e a Narrativa Controversa
O filme oferece uma visão contestada de Col. Parker, apresentando-o como um showman ambicioso, enquanto os espectadores podem rapidamente rotulá-lo como um oportunista. Tom Hanks, no papel de Parker, adota um sotaque peculiar, sinalizando a complexidade do personagem.
O Enigma da Rápida Ascensão e Lenta Queda
A narrativa inicial acelerada abrange a rápida ascensão de Elvis, seus controvertidos movimentos de dança e o subsequente serviço militar destinado a reparar sua imagem. Luhrmann opta por simplificar três anos tumultuados em uma sequência dinâmica, impulsionada pela energia de Butler.
A Transição para Vegas e a Longa Queda
A mudança para Las Vegas marca uma virada na trajetória de Elvis, retratada com moderação e streamlining narrativo. A representação de sua decadência, embora eficaz, destaca a dificuldade de Butler em escapar da imagem de um homem vestido como Elvis nos anos posteriores.
A Controvérsia em Torno do Especial de 1968
Uma das controvérsias do filme envolve a extensa sequência do especial de 1968, onde Luhrmann toma liberdades consideráveis. A inclusão de eventos fictícios e uma interação absurda entre Elvis e o produtor diminuem a autenticidade do momento crucial na carreira do artista.
O Brilho de Momentos Autênticos
Apesar das licenças poéticas, "Elvis" captura momentos autênticos, como as apresentações de 1968. A decisão de Luhrmann de mostrar Elvis, não como uma imitação, mas em sua forma real, é triunfante e destaca o poder duradouro do ícone.
Conclusão
"Elvis", em sua abordagem extravagante e muitas vezes polêmica, busca homenagear e explorar o ícone musical. A interpretação única de Luhrmann, aliada à entrega impressionante de Austin Butler, contribui para uma obra que, apesar de suas distorções, ressoa como uma celebração vibrante da vida e legado de Elvis Presley.